Seja qual for a paisagem,
O ponto mais fundo que o olhar alcança,
Há sempre uma rocha,
Uma pedra, uma areia que dança.
Tenha-se uma obra qualquer,
Escultura, vitral ou tela,
Que há-de ter sempre nela,
Um traço mais feio,
Uma cor mais escura,
Dura e crua.
De entre quantas este mundo tem,
Haveis de encontrar sempre uma lágrima,
Ou um olho que a retém.
Alegria ou martírio que escondam,
Raiva ou loucura que expressem,
Não há quem,
Por pouco que viva,
Não lhe sinta o sal que tem.
Só por não saber ao que vem.
Que se soubesse, ora era doce,
Ora amarga de desdém.
Multidão num qualquer lugar,
Vede com atenção,
Que vos diz aquele olhar?
A pedra turva ou aguçada,
A cor escura que esconde a alma,
A lágrima a que só o amargo sente
Os olhos de quem está ausente,
Em certos dias são constante,
Noutros, sombra passante,
Mas sempre parte do que ela é.
não consigo dizer mais nada senão isto: uau!
ResponderExcluirmuito bem laura...desconfio que os meus netos ainda te vão estudar na escola. Mil vezes isto que Frei Luiz de Sousa!...
buttercup**
oh, até eu, que nem gosto de poesia, acho que está sublime...
ResponderExcluirprincipalmente aquela estrofezita do:
"
E é salgada esta lágrima,
Só por não saber ao que vem.
Que se soubesse, ora era doce,
Ora amarga de desdém.
"
Quero saber escrever assim.
[Z~XIII]
Bem, está fantástico!
ResponderExcluirTerei de 'copiar' ou sublinhar o que diz: adorei aquela estrofe!
Desculpa a intromissão.