sábado, outubro 18, 2008

Inércia.

Há coisas que não funcionam. Em Portugal? Muita coisa. E assim há-de continuar, porque não à vontade: nem de uns, para melhorar; nem de outros, para reclamar.
A coisa complica-se é quando, por umas coisas não funcionarem, deixamos também nós de funcionar. Aumenta o desgaste e a fasquia de tensão que a matéria pode suportar, diminui. Atingiu-se o limiar... e agora é ver faíscas em direcções várias, porque o que é vivo mostra sempre o 'basta', possa ou não pronunciá-lo.

Queria contar-vos uma história, mas não sei como, porque tudo o que escrevo, apago. Mas factos, são factos e, sem escrita rebuscada, são os que se seguem.

Chamam-lhe de 'sistema' e eu acho que ele me apanhou. A mim e à minha mãe, claro, que vive tudo também, se possível com mais agonia.
Ora eu acho que o sistema, depois de tanta tentativa, tanta choradeira, tanto remorso, me anda a querer dizer 'tu vê lá o que fazes..' .
Há uma coisa que se chamam 'equivalências', que agora já não se chamam assim porque, gente, estamos em Bolonha. Chama-se então 'creditação' formação, ou coisa que o valha. E é essa bendita creditação é o que me permite frequentar o 2º ano de fisioterapia em Coimbra, e não repetir o 1º. Passa-se que Bolonha entrou este ano, tanto na escola do Porto como nesta, portanto, à partida, a escola do Porto ( ou V.N.G.? ai..) não pode creditar as disciplinas, porque o sistema não existia, e as disciplinas também já não são aquelas. Mas em Coimbra há boa vontade, dizem que se há-de arranjar. Não sei é quando, dado que a ESTSP se mudou no dia 13, primeiro dia de aulas, para Vila Nova de Gaia, pelo que anda tudo num caos.
Não vos apoquentai, bem sei que falta brilho nesta história. Aqui o tendes: dizem-me agora que, dado que estou matriculada no Porto porque os prazos assim o obrigavam (a menos que me quisesse arriscar a ficar, de todo, sem escola alguma), terei de pagar lá 50% da propina - ilucido-vos - 450€. Sendo que, se é necessário dizer, eu ainda não assentei pés na escola nova.
Mas, atentai, acrescentam boas notícias (!): não estou a ser prejudicada, respondem-me dos serviços académicos. Sabeis porquê? É que em Bolonha não há faltas ! Obviamente que vou saborear muito melhor esta 'boa vida' de agora em diante.

Era para estar contente, não era ? Mas é que me parece que há aqui qualquer coisa que não se compadece com grandes euforias... digo eu.

quinta-feira, outubro 02, 2008

(re)Voltar.

Voltei ao Porto. Não, ainda não foi de vez.
Um dia - ir e voltar. E matei saudades, acreditem; matei mais que isso, até.
Vi a mesma moldura de sempre, de longe, o Douro sob os pés, as caves de olhos postos nas minhas costas, a ribeira a brilhar. E podia ter-me ficado por aí, guardava aquele retrato, como que de turista, e seguia.
Não fiquei. Fui matar esperanças.
Assentei pés no Porto e dei os mesmos passos que dei todas as manhãs de todos os dias úteis (e outros) que ali passei num ano. Marquei as mesmas pedras dos mesmos passeios. Os mesmos números nos autocarros, as mesmas nuvens negras que tento impedir que me inundem as narinas e poluam os sentidos. E com cada passo pisei o espírito de angústia. Mais um passo; pesa. Outro agora; e aguenta. Está apertado aqui dentro, não sei que se passa. Medo. Dói-me lembrar o ficou por viver. Envolve-me uma ideia fria do que vou repetir; está marcado, não há volta a dar.
Não quero dizer, mas não quero ter força.

Eu sei. Não há-de ser nada, tudo corre pelo melhor. O Porto não é assim tão mau, tenho é de ver mais, procurar. É isso.

Não tenho recomeço. Perdi.

Dia 13 faço restart na programação automática.
A Laura há-de voltar pelo Natal.


PS: eu não queria escrever porque sabia que ia atirar pra este alvo. Vós pedistes, disparou.