sábado, fevereiro 10, 2007

Hipocrisias - parte I

Hoje apetece-me falar sobre hipocrisia. Não, não me apetece, já bem me basta deparar-me com ela todos os dias, mas hoje é sobre ela que escrevo. Sobre um exemplo de hipocrisia, daí 'parte I'. Quando mais houver, de mais escreverei.
Casamento. Não, minha gente, não terei a ousadia de afirmar que o casamento é, por si só, um acto hipócrita. Até porque não o penso. Sim, para mim é um papel que não há necessidade de ser assinado, para outros será algo mais e respeito-o. Talvez eu mesma venha a mudar de ideias.
Casamento na igreja. Sabeis já do que falo? Pois passo a explicar, o casamento na igreja, hoje em dia, é regra, já não se fazem casamentos no civil, melhor dizendo, só no civil. Porquê? Ora, porque é muito mais requintado, muito mais chamativo, muito mais exibicionista. Enfim...c'est trés chic! E é aí mesmo que mora a hipocrisia. Nestes 'católicos não praticantes' que só praticam a religião no dia do casamento. Porque é bonito.
É-se católico porque se acredita em alguma coisa, ou até nem se acredita, mas fica bem. Ou dá jeito para o dia o casamento. Ou como nos casámos pela igreja, é sinal de que somos católicos. Mas praticantes não que dá muito trabalho. No domingo sabe bem ficar na cama e, de qualquer forma, para ir à igreja dormir a ouvir o sermão...não, para isso não. Sou católico não praticante, até está na moda.
Está bem, a festa é bonitinha. Que bom que é ter a família reunida e poder usar um lindo vestido com uma cauda de dois metros ou um belo fato com botão de rosa branco no bolso. Mas é um dia. E é um dia que supostamente devia ser pleno de sinceridade, de sentimento. É de mim, ou a hipocrisia destoa um pouco neste quadro?
Aproveitando a leitura do comentário do Zé, introduzo aqui, ainda dentro do tema, a questão do branco do vestido, de que me esqueci. Eu sei que esta sociedade se rege por fachadas, por aparências. Mas, havemos de convir que, à partida, a humanidade tende a progredir, a evoluir, ou não? Não é que seja sinal de evolução mas 'mudam-se as vontades, mudam-se os gostos' (troca propositada). Se não se aguenta a vontade de pôr a pureza e a castidade de lado, então trocam-se os gostos pela cor, troque-se o branco pelo rosa, pelo salmão, pelo que quiserem. Pelo vermelho, já que há gente a casar pela igreja que já tem um currículo invejável. Perdão, vermelho não. Vermelho é cor de paixão ardente, de pecado. E quem entra numa igreja para consumar um sentimento na presença do Pai, está limpo de pecados. Na presença do Pai que negam e ignoram todos os dias da sua vida.

Ah, e já agora, porque não escrever outro discurso? É que o 'promete amá-la e respeitá-la todos os dias da sua vida, até que a morte os separe' está um pouco demodé, não? Ou então sou eu que não estou a par dos avanços da ciência e, afinal, já se deslindou o fenómeno da ressurreição.

Peço desde já desculpas aos que pretendem casar pela igreja e até nem vão à missa.
Aprendei - é o karma. O meu é este, entre outros : falar, falar e acabar por ter de deixar uma nota aos que pertencem à outra margem, para que não se firam susceptibilidades. Ou talvez deixe de o fazer que no fantástico mundo da internet ainda não consta lápis azul. Vai havendo é alguma falta dele. Mas isso é assunto para outro post.

Pensamento do dia : 'Karma is the way of the universe to settle the score' @ Daniel, Laura, Liliana, Zé.