domingo, abril 04, 2010

Era preciso admitires que, finalmente, esbarraste na realidade. São incríveis os meandros em que te embrenhas com tanto brio para lhe escapares, enquanto o empenho te devia levar a esculpi-la a teu jeito.
Era preciso que tivesses vontade, que o amor próprio não tivesse caído tão fundo.
Era preciso não teres trancado a porta para depois esconder a chave do mundo.
Era preciso que visses - mas tu vês, não é? Já percebeste que esse refúgio é um castigo a que ninguém mais te entregou senão tu. Arromba essa porta, deixa que a luz te cegue, que o ar, novo, sem o peso de culpas, dúvidas, mágoas de quem faltou ao prometido, te sufoque o corpo. Sente o cheiro de uma essência renovada sem que outra seja renegada. E deixa-os entrar. Quem sabe não passa por essa porta quem te saiba ler o gesto? Quem te oiça as ânsias por detrás dos lábios cerrados? Quem te revele relíquias que nunca em ti sentiste?

Era preciso que fechasses os olhos e te deixasses levar.

Um comentário:

  1. E de que esperas tu?
    Deixar as pálpebras cair e tombar nos longos braços da realidade real, não a que os teus olhos te impõe e a tua cabeça recorda. Abrir os braços e abraçar o novo mundo que te abarca.

    Respirar fundo e quem sabe, viver. ;)

    ResponderExcluir