quinta-feira, março 06, 2008

Medo

Há momentos em que não se conhece. Não. Quase que parece que a cada momento se conhece menos. Ou não se quer reconhecer. Quer e insiste em negar-se.
É feita de camadas. E cada vez é preciso mais tempo, mais paciência, mais esforço para conseguir penetrá-la por inteiro e conhecer-lhe a verdadeira essência. Toda ela é defesa, zelo. Se pudesse, viveria numa redoma. Mentira. Se pudesse, arrancava-O, O que lhe levanta o peito, origem de um batuque que magoa quando segue descompassado, tanta é a pressa de bater. Não o parava, que ele não para mesmo querendo, embora por vezes pareça que sim. Mas ela sente-lhe a falta, do batuque certo. É música ao ouvido, parte daquilo que é. O batuque. O que quer é salvaguardar-se. É demasiado arritmado para continuar a aguentar.
Está farta de deixar entrar pessoas. Rompem-lhe as camadas, chegam à essência e fogem no momento em que ela se levanta para abrir a redoma, por fim. Mais uma camada. Cada vez é mais difícil lá chegar. Será que se assustam? Não interessa. Basta. Quem chegar, já nem a descobre. Pura, de branco, ondulando como se fizesse parte desse imenso verde-mar. Quer selá-lo de vez. Hermeticamente.
Mas até já dentro da redoma ele bate descompassado ! Quem ousa ? Para quê?



Não acredita que vai cair. 'Nunca mais.'
Ingénua. Hoje e sempre.