quarta-feira, novembro 22, 2006

In repair

Queria dizer-vos algo de inteligente, mas hoje o dia não deu para isso. Amanhã ou depois cá ponho qualquer coisa.
Hoje digo-vos só que pus um penso rápido no coração. Arranharam-no. Mas vai curar depressa, não é caso para alarme. Nem vale a pena chamar o INEM. Aqui para nós que ninguém nos ouve, ele já estava à espera. Eu é que não sabia. Quando o arranharam, parecia que morria, de tanto que se contorcia. Depois é que percebi que não sangrava e, quando olhei melhor, vi que estava protegido. Previu e vestiu uma capa. Estava blindado.
Agora está em reparações. É favor não aproximar demasiado ou, pelo menos, mostrar cartão verde antes de tentar entrar. Ele recupera, mas deixem-no sossegado.

/ John Mayer - In repair

' Too many shadows in my room
Too many hours in this midnight
Too many corners in my mind
So much to do to set my heart right

Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready
Oh but if i take my heart's advice
I should assume it's still unsteady
I am in repair, i am in repair

Stood on the corner for a while
To wait for the wind to blow down on me
Hoping it takes with it my old ways
And brings some brand new look upon me

Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready
Oh but if i take my heart's advice
I should assume it's still unsteady
I am in repair, i am in repair

And now i'm walking in a park
All of the birds they dance below me
Maybe when things turn green again
It will be good to say you know me

Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready
Oh but if i take my heart's advice
I should assume it's still unready
Oh i'm never really ready, i'm never really ready
I'm in repair, i'm not together but i'm getting there
I'm in repair, i'm not together but i'm getting there


E, já agora...partilho convosco que comi lasagna ao jantar...e que me sinto mal...!Tanto bechamel...tanta caloria! Portanto...

/ LiLy Allen - Everything's just wonderful

' Why can't I sleep at night,
Don't say it's gonna be alright,
I wanna be able to eat spaghetti bolognaise,
and not feel bad about it for days and days and days.
In the magazines they talk about weight loss,
If I buy those jeans I can look like Kate Moss,
Oh no it's not the life I chose,
But I guess that's the way that things go '

Exactamente...substituam o 'spaghetti bolognaise' pela lasagna.

Agradecida pelo tempinho.

sábado, novembro 18, 2006

Qualidade dramática nacional

Porque é que os actores nacionais, pelo menos os que se nos apresentam todas as tardes e noites, invariavelmente, não têm qualidade? Perdão! Nas da tarde não! Que esses ainda não são actores!São modelos na escola de actores, assim é que é (e refiro-me aos ... MorangosdoAçucar [ou, como alguém dizia, da erva]).
Ora bem, nesse caso, porque é que os senhores e senhoras da produção nacional não se mostram dignos de que os admiremos? Não quer isto dizer que alguns deles(as) não sejam bons actores,nada disso. Mas, das duas três : ou estão mal aproveitados na produção em que estão inseridos, ou a trama é tão fraca que não lhes permite brilhar, ou o restante elenco é tão fraco que não há hipótese. Afinal, se não os podes vencer, junta-te a eles!
Quanto à primeira hipótese, exemplo não falta. 'Floribella'. Diz-vos qualquer coisa, com certeza, ou não fossemos nós assaltados por esse jardim saltitante a toda a hora. Sim , é muito bonitinho para as crianças, afinal, não deixa de ser um conto de fadas mais sério e realista que os dos livros. O que nos aborrece tremendamente é que passe naquele horário. Isso sim é um caso puro de assassinato de uma carreira artística. Não digo que haja lá grandes actores, mas é facto que , ali, ninguém engrandece a sua carreira. Ficam, no mínimo, ridicularizados.
A segunda hipótese não é menos plausível. Prestem atenção à trama nacional, tem duas vertentes possíveis :
1) a base é sempre a mesma
2) é uma cópia distorcida de uma produção brasileira.
Certo, a base da produção brasileira também é a mesma (ricos vs. pobres, bons vs. maus) mas, reparem que, depois disso, abordam problemas reais e alertam. E, quer queiramos quer não, ensinam. E fazem rir. As personagens cómicas brasileiras FAZEM RIR!As portuguesas, no máximo, deixam-nos com uma parelisia facial que resulta no canto da boca hirto na direcção do olho. São fracas .
Quanto à terceira, nada a dizer. Se é facto que, um jovem inteligente tenta aprender com um actor feito, é também facto que o actor perde em entrar em produções com jovens sem talento, com histórias sem interesse.

Enfim, não gosto. Sim, confesso que às vezes vejos os frutos vermelhos, quando não tenho com que me entreter. E confesso também que quase não deixo a minha irmã ver de tanta crítica.

Desde já o meu pedido de desculpas aos visitantes que visionam os dramas desmedidos e desenxabidos (nunca hei-de saber escrever esta palavra) da casa da criação. Ou não fossem estes passados no nosso mais sensacionalista canal de tv. Aliás, Portugal está cheio de gente dramática. Somos ou não somos por generalização, um povo saudista? Então porquê a falta de talento...porquê?!
É que nem uma lágrima são capazes de verter! Caramba, usem um conta gotas! Gemer e gemer, contorcer a cara até dizer 'corta!' , tudo sem uma réstia de água que abra caminho pela face...isso é que não!

Nota: não sou contra os actores portugueses, sou contra os que se acham actores e corrompem e atacam a 7ª arte neste país.

Cai o pano.

terça-feira, novembro 14, 2006

Vai-se vivendo...

Tenho por norma, sempre que, nesse reecontro com aqueles com quem não falamos há escassas horas ou aqueles que não vimos há tantas como esses mas cujo contacto só conseguimos que seja virtual, me perguntam se estou bem, responder que sim, que 'vou andando'. E vou, não vou mais depressa para tentar não tropeçar. A verdade é que tropeço de qualquer forma e muitas vezes na mesma pedra!E nem as nódoas negras lembram este orgão pulsante de não passar novamente pelo mesmo caminho. Este coração que parece não ter memória de espécie alguma e que teima em se deixar levar por promessas imaginárias céus azuis e nuvens de algodão. Porque o meu coração é ingenuidade, mas uma ingenuidade insultuosa de tão aguda que é! Mas não consigo educá-lo, ele é assim. E tenho pena que hoje já não se sinta o amor como eu o sonho sentir, na sua verdadeira essência. E isso faz-me partilhar convosco um texto que adorei de Miguel Sousa Tavares in Expresso. O nome é 'Elogio ao Amor' que é exactamente o que eu desejo fazer com isto. E não crio eu o meu próprio testemunho porque nunca conseguiria exprimir-me melhor que este Senhor. Assim, fico minhas as suas palavras. Deliciem-se :

' Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber.Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banançides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?O amor é uma coisa, a vida é outra.O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar.O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.O amor é uma coisa, a vida é outra.A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.Não se pode ceder. Não se pode resistir.A vida é uma coisa, o amor é outra.A vida dura a Vida inteira, o amor não.Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. '



Isto não é um post do contra? É pois! Contra :

- a futilidade e leviandade com que tratam o Amor;

- o uso do Amor como peneira para encobrir a solidão;

- o uso do Amor para o show off, para os outros, para fazer inveja;

- esta geração, rasca, que não respeita nem sabe o que é este sentimento.



E eu? Talvez também não saiba, mas espero por ele. Ansiosamente.

Enquanto isso, vou olhando os outros e...vai-se vivendo.



PS: mais noções sobre isto? Oiçam 'Não invoquem o Amor em vão' de Rui Veloso e Carlos Tê. É deliciosa.



quinta-feira, novembro 09, 2006

Há dias...

Há dias em que...nada faz sentido. Nem é tanto isso, nós é que não lho procuramos.
Há dias em que nada vale a pena. Ou assim parece. Ou é a força que falta.

Hoje o meu corpo flutuou de porto em porto, sem ordem ou comando. Foi, por si mesmo. Hoje, fosse qual fosse o estímulo, eu era-lhe indiferente. Não senti frio nem calor, eu era só um corpo...tépido.
Revolta? Não era, não. Antes fosse. Assim, pelo menos, via sentido neste estado. Hoje eu era um ser apático. Hoje eu não era. E se fui, não fui muito, apenas uma coisa, uma sombra de gente, desmaiada. Não foi desespero. Não foi dúvida existencial. Não foi...nada. Porque não há razão para não me sentir, nem corpo, nem alma. Não era tristeza, porque quando assim é, espicaço-a muito e ela cresce em raiva e aí refugiu-me no meu espaço, no meu mundo. Entupo ouvidos,cérebro, corpo e alma de sons fortes, vibrantes, cheios; e esbracejo e ensaio, entrego-me e solto tudo o que sinto.
Hoje não. Hoje passei à frente toda e qualquer música onde houvesse a menor réstia de alegria, de revolta, de necessidade de extravazar qualquer coisa que nem se percebe bem o que é. Hoje sucumbi a toda a melodia grave e mórbida. E nem a senti.
E quando eu não sinto as duas coisas que compoem a essência de mim...

Hoje as pálpebras deviam ter pesado demais e o meu corpo repousado na imitação perfeita da hibernação.
Mas não, sou do contra. Tive de fingir que vivia.


domingo, novembro 05, 2006

Quero escrever e não sei...


...como. Eu que sou so contra, que penso e repenso qualquer coisinha que seja...não tenho assunto para escrever! Tenho o cérebro oco e por mais que grite ' Ideias! ', só consigo ter o eco como resposta.
Podia falar do filme que fui ver ontem, ' Children of men ' ou ' Os filhos do Homem '. E falo, mas não chega.
O filme é realizado por Alfonso Cuáron, o mexicano que realizou o III filme do Harry Potter. Já tinha ouvido falar bem dele (embora confesse que o III do HP seja o último na minha consideração) , por isso queria mesmo ver este.
Children of men trata ou começa por prever o fim do mundo. A acção passa-se em Londres, mas uma Londres destruída, muito mais cinzenta do que o tom a que estamos habituados em, no mínimo ouvir falar. O mundo viu-se assombrado pela infertilidade das mulheres na sua totalidade (as possíveis origens são variadas, sendo uma delas a poluição). A cidade de Londres é o retrato perfeito do que podemos ver nas notícias sobre o Iraque e afins, mas mais negro, mais sujo. Os emigrantes que chegam ao país sao engaiolados, em praça pública e levados para campos de concentração, num dejá vu perfeito do Holocausto.
Mas, como disse, o filme prevê o fim do mundo. Assim, um dos grupos revoltados de 2027 tem, escondida, uma rapariga negra, grávida. A tarefa de a levar até um barco do intitulado ' Human Project ' (que, como o nome indica, pretende proteger a humanidade), do qual, dado o estado de coisas, se duvida a existência.
A partir daqui, Theo (a personagem interpretada por Clive Owen) passa pelos piores momentos com Kee (a grávida) para a levar até ao barco.

É, sem dúvida, um filme que dá que pensar. Se bem que, na minha opinião, 2027 seja um futuro muito próximo para haver tempo para tantas transformações (isto partindo do princípio que os Coreanos acalmaram mesmo a ideia de se porem a fazer ensaios nucleares).
É bem retratada mesquinhez humana, a falta de solidariedade em termos globais, ou seja, de país para país, e dos seus representantes para com o povo. No entanto, quando, no meio de um tiroteio infernal, os dois protagonistas tentam escapar ilesos e com a criança a salvo, tudo pára e todos admiram e abrem caminho para estes passarem (numa verdadeira re-encarnação do nascimento de Jesus Cristo - não querendo isto dizer que a cena não seja bem concebida, é extramente realista) .

Enfim...aconselho vivamente o filme.
E assim se me acaba o assunto.

Ah! Sabieis que as pensões dos políticos vão subir 6,4 % ? Fico realmente feliz por eles, merecem, têm trabalhado tanto...
Pena é que a minha mãe e outros tantos também mereciam qualquer coisita e só lhe aumentam 2 ou 3 cêntimos no subsídio de refeição.